quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ANGRA DOS REIS/RJ - Ilha Grande

7 de novembro. Saímos da Rodoviária Novo Rio, na capital estadual, com a missão de chegar à Mangaratiba a fim de pegar a última barca da sexta-feira, que sairia às 22 horas rumo à Ilha Grande. E assim fomos, em um grupo de cerca de 30 pessoas guiadas pelo mestre da Adrenalina Laésio, que nos dividiu em uma van e dois carros.

Já no limite do continente, observamos uma multidão disputando os melhores lugares da barca. Acabei dando sorte e improvisando um camarote próximo ao banheiro, na única área aberta ao mar.



A travessia é demorada. São cerca de duas horas, tempo que aproveitei para trocar ideia com um nativo e outras turistas, além de apreciar a Lua e as paisagens que ela me mostrava.




Chegando à Praia do Abraão, tivemos de andar bastante do trapiche até o Che Lagarto, hostel que seria a nossa casa durante o fim de semana. Até tomarmos banho e comer alguma coisa já eram duas e pouca da manhã. Até eu dormir, 3. E, às 4h50min, toca o despertador para nos prepararmos para os mais de 23 quilômetros que nos aguardavam.




De cara, alguns já desistiram da trilha para dormir. Outros nem conseguiram acordar. Mas lá fomos nós. Eu já com o meu primeiro problema: tive de deixar o celular carregando em cima da pia, que era o único local da suíte que tinha tomada, e o encontrei com água dentro, todo embaçado. Fica esclarecido aqui o motivo de eu não ter tirado mais fotos, vide que mal dava para ver as imagens. Mas fiquem tranquilos porque o amiguinho eletrônico sobreviveu.

Não eram nem 6 da manhã e lá fomos nós, privilegiados pelo maravilhoso amanhecer da Praia do Abraão.




Fica o registro, também, da famosa igrejinha do local, próxima ao início da trilha.




O caminho para Dois Rios, segunda praia que iríamos explorar, é bem liso. Uma verdadeira estrada, sem qualquer obstáculo. 



São apenas duas distrações: o cântico dos macacos, que você ouve durante boa parte do percurso, e essa abertura maravilhosa em meio às árvores:



Após o "aquecimento" de 9km, finalmente estávamos próximos à Dois Rios. Mas a deixamos esperar um pouquinho para conhecermos o histórico presídio. O problema é que o museu carcerário só abre para visitação às 10 horas. Ainda eram 8 e não poderíamos esperar para não atrasar o percurso.


Nos restou conversar com a guarda e fotografar esses entulhos abaixo, que foram o que sobraram da implosão do local, que contou com mais de 200kg de dinamite.



Vale o registro, também, desse boi, que teve uma história tão bela que merecia até ter um nome. Segundo a segurança que nos atendeu, ele foi encomendado para um churrasco dos profissionais que atuavam no presídio. Mas acabaram ficando com pena do animal, e o deixaram por lá.



Na saída, passamos em frente ao Centro de Estudos e Desenvolvimento Sustentável da Uerj.


E, por fim, Dois Rios. Esse cenário deslumbrante no qual ficamos por cerca de 1 hora:

 




Nadar, mergulhar, comer, trocar ideia, e, claro, registrar. Dá vontade de ficar o dia todo por lá...





É tanta coisa pra fazer nesse paraíso que temos que dar uma pausa pra relaxar...




O local é tão completo que, como diz o nome, não tem apenas praia, mas também água doce. E, claro, tive que me banhar nesse riozinho espetacular, quase sem correnteza e bem rasinho.




Parte do grupo, já cansada ou encantada com o local, decidiu ficar por ali mesmo. Antes, tiramos a foto do time junto:


Seguimos rumo à Praia do Caxadaço com menos da metade dos viajantes iniciais. Éramos uns 15 loucos para saber o que viria pela frente. E a surpresa não poderia ter sido melhor.

 


A faixa de areia é pequena. Durante as duas horas que ficamos por lá, muitas pessoas chegavam e saíam. Sempre de barco. Talvez para evitar a descida final da trilha, que é um pouco chatinha. Mas a beleza do local compensa qualquer sacrifício.



Antes de seguirmos ao próximo destino, paramos para reabastecer o estoque de água no riacho próximo à praia. Deu até pra dar uma relaxada novamente na água doce. Seria, aliás, tudo o que precisaríamos antes de encarar o "pedaço" mais difícil do dia.

A trilha que liga Caxadaço à Praia de Santo Antônio tem um pouco de tudo, incluindo pedaços de mata fechada e descida com alto grau de inclinação. O trecho, de cerca de 8km, não consta nem no mapa de trilhas da ilha. Mas lá fomos nós.


Na chegada à Santo Antônio, o cansaço já batia forte. A noite não dormida se somava com as dores e o esgotamento físico. A maior parte do grupo, na qual me incluí, preferiu, ao invés de se aventurar no mar, o que já estava ficando difícil, sentar e descansar ali mesmo pela areia, observando esse cenário "horroroso" abaixo.



 A próxima praia foi Lopes Mendes, talvez a mais famosa da Ilha Grande. Por lá já encontramos vários vendedores ambulantes e conseguimos até tomar uns Gatorades curtindo o visual.




Pode ser paradoxal, mas o trecho mais complicado acabou sendo o mais fácil. De Lopes Mendes à Praia do Pouso é apenas 1km. Uma trilha bastante tranquila que qualquer senhor pode fazer (inclusive avistamos muitos pelo caminho). Mas os reflexos da aventura já eram tantos que ficamos imensamente felizes quando chegamos ao nosso destino final. Principalmente eu.

 



Nos jogamos no chão e festejávamos a cada minuto que o barco ficava mais próximo de sair. 



Já nele, era só alegria.



De volta ao hostel, alguns com melhor preparo físico se programavam para curtir o Festival Gastronômico que ocorria ali perto do trapiche, com vários frutos do mar em promoção e show do Flávio Venturini. Mas eu não tinha mais energia e precisava fazer o que não fazia há tempos: dormir. Antes, tempo apenas para um lanche e apreciar a vista indescritível que o deck do Che Lagarto nos proporcionava:



O problema é que, com o falatório dos meus 5 companheiros de quarto que chegavam de madrugada, acordei antes das duas da manhã, cheio de fome. Ia comer meu lanche, mas sabia que se eu fizesse isto, perderia a oportunidade de conhecer um pouco da ilha à noite. E lá fui explorar o local...




Segui uma recomendação de lanchonete de um funcionário do hostel, a Brasileirinhas, que, segundo ele, seria a única que estaria aberta naquela hora. E era mesmo.

Talvez eu tenha sido o único turista por lá. O estabelecimento é bem simples, e as pessoas que lá estavam pareciam moradoras. Comi meu hamburguer e perambulei pelo trapiche, até ser expulso pelos mosquitos e retornar para "casa" para a segunda parte do sono.




Não poderia me esquecer, contudo, desse sapo abaixo, no qual eu tropecei ao chegar na pousada:


Veio o domingo, e fomos saudar o dia. Após o café da manhã bem simples, fui dar um "oi" para os caranguejos.


 Em seguida, saudar a "piscina natural" do Che Lagarto, onde eu havia tropeçado no sapo no dia anterior. O local é mais lindo do que eu imaginava. No entanto, a multidão de peixes avistada pela noite parecia ter saído para passear...



Na sequência, fomos à Praia da Júlia, onde a galera aproveitou para dar uns mergulhos e fazer stand up paddle. Mas as dores musculares me fizeram optar por ficar no quiosque apreciando a paisagem e me "hidratando".


Entre um bate-papo e outro com a Amélia, dona do bar, acabei encontrando dois amigos de Itaboraí pra me ajudarem na hidratação.



Mais tarde, almoçamos próximo ao trapiche. Comi um maravilhoso peixe com pirão, e, não satisfeito, ainda pedi uma sopa de linguado. Sensacional. Dali, foi só aguardar a barca e partir para mais duas horas de conversa, fotos e paisagens paradisíacas.