quinta-feira, 28 de agosto de 2014

NOTÍCIA - Maior mamífero do Paleoceno é encontrado em Itaboraí

Release quentinho deste que vos escreve. Nem pensei em postar aqui por ser assunto de trabalho, mas como o tema é relacionado à página e o O Globo acabou de publicar, não poderíamos ficar para trás, né?

-------------

Pesquisadores encontraram, recentemente, no Parque Paleontológico de São José, um fóssil de um xenungulado (Carodnia Vieirai). O animal viveu na época da formação da Bacia de Itaboraí, há cerca de 55 milhões de anos, e é o maior mamífero do Paleoceno já localizado na América do Sul. 


"Percorrendo a Trilha do Pescador, em uma atividade de rotina, avistei uma rocha na qual notei algo diferente. Quando me aproximei, vi que se tratava de um fóssil e logo entrei em contato com a Lilian Bergqvist, que é a profissional de referência que temos para fazer esse tipo de estudo por aqui" - disse Luis Otávio Castro, gerente do Parque, que foi o responsável pela descoberta ao lado do professor Emiliano Oliveira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O Carodnia Vieirai, apesar de não ter parentesco, tem uma similaridade morfológica com a anta atual, tendo seu tamanho e formato do corpo semelhantes a ela. Primo do argentino Carodnia Feruglioi, estima-se que o Vieirai habitava exclusivamente as redondezas da região de Itaboraí.  

"Esse achado é de grande importância tanto para a paleontologia quanto para o Parque, mostrando que a Bacia deve ser valorizada pela população como já é pelos estudiosos. Isso também nos estimula ainda mais a continuar abrindo trilhas e clareiras para seguir na busca por mais descobertas, sempre em equilíbrio com a preservação ambiental. Para isto, fazemos as escavações apenas em blocos rolados, não comprometendo a integridade dos afloramentos remanescentes" - disse Lilian Bergqvist, que atua no local desde 1994.



O resgate do fóssil para estudo será realizado, dependendo das condições climáticas, nessa sexta-feira (29/08). A remoção, dificultada pelos ossos se encontrarem em um calcário muito duro, precisará fazer com que sejam desmembrados da rocha apenas no Laboratório de Preparação de Macrofósseis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para onde será levado o fóssil. No local, que já conta com uma réplica do esqueleto montada por Bergqvist, eles serão tombados para, posteriormente, retornarem ao Parque de São José, onde permanecerão para observação pública.

"Em 2011, recebi um auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que me possibilitou reabrir algumas trilhas antigas no Parque. No ano passado, ganhei outra ajuda de verba oriunda da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que nos fez construir a escada da Trilha do Pescador e abrir um outro caminho até um afloramento próximo ao atual nível do lago" - completou Lilian.

O Parque Paleontológico de São José

Em 1928, um fazendeiro achou pedaços de rocha que considerou interessantes. Levou para análise e descobriu que se tratava de calcário. Com isso, a área foi vendida para a Companhia Nacional de Cimento Mauá, que aproveitou o material na construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e do Estádio Mário Filho (Maracanã). A fábrica foi visitada por grandes personalidades, incluindo alguns presidentes da república, sendo considerada uma das experiências mais bem-sucedidas de fabricação de cimento no país.


Com a exploração mineral, descobriram-se vestígios arqueológicos. E quando o calcário terminou, em 1984, restou uma depressão de 70 metros, que foi progressivamente coberta com água da chuva e de veios subterrâneos, erguendo um grande lago. Seis anos depois, em 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou a área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação. Com isto, em 1995, nascia o Parque Paleontológico de São José, eleito pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um dos patrimônios da humanidade.

No Parque já foram descobertos fósseis de diversos mamíferos, gastrópodes, répteis e anfíbios, se destacando o tatu mais antigo do mundo e o ancestral das emas. Ambos do Paleoceno, datados de cerca de 55 milhões de anos. Foram achados, também, fósseis de preguiça gigante e mastodonte, da Idade Pleistocênica (aproximadamente 20 mil anos). Também foram encontrados restos arqueológicos, evidenciando a presença do homem pré-histórico no local.

Nenhum comentário:

Postar um comentário